Não vou me omitir de opinar, e minha posição é um tanto conciliadora. Confesso que não li tantos comentários, livros, mas alguma coisa de cada ponto de vista. Na verdade, esse debate é válido, mas às vezes parece rodar em círculos. Quem pensa assim, assim insiste. Quem acredita assado, assado é. Não me interpretem mal, mas a tentativa em que o outro concorde neste assunto importantíssimo tem resultados similares aos dilemas "menos espirituais", tais como comer legumes ou carne. Adaptando o que disse Paulo, quem crê que é predestinado, para o Senhor é sua eleição, e somente pela graça Dele. Quem crê que sua vontade deve ser por Jesus, pelo o Senhor é sua escolha, e também feita pela graça.
Na minha compreensão limitada, entendo que Deus não impõe ao homem as escolhas, nem mesmo com relação à salvação. É do tipo daquela fala de Jesus: Se alguém quiser me seguir, siga-me. Não procurem o texto a seguir na Bíblia, porque é só uma ilustração:
O Senhor Jesus (imaginem uma cena do período colonial) chega pro homem, estropiado, esfarrapado, e literalmente ferrado com correntes e brada com voz firme: – Olha para Mim! Eu sou seu redentor, meu nome é Senhor Jesus. Eu Sou quem veio lá do Céu por sua causa, sei quem você é, um miserável escravo do pecado, Eu vim aqui nessa terra, paguei o preço estipulado, e você custou bastante caro (cá entre nós, mais do que a gente valia). Eu te comprei. Agora, você é meu escravo, entendeu? [Alguns escravos custam pra entender coisas simples, mas suponhamos que este aqui entendeu, e o homem então responde: ‘Sim, sinhô’ - meio com medo, meio desconfiado, meio sem saber o que dizer; como é próprio dos humanos e como somos de fato].
O Senhor continua então sua fala: E se você é meu, faço o que Eu quiser com você. Eu posso tudo, tenho autoridade e direito de fazer o que bem entender contigo. [Nessa hora, o ex-escravo (que continua escravo) dá uma tremida nas bases: ‘Será que vou ser mais maltratado do que antes, trabalhar sem comer, vou ser chicoteado 3 vezes ao dia e quem sabe morrer por puro prazer desse tal Sinhô Jesus’? E talvez até o pobre orou, já estava virando crente: ‘Ai, Deus, me ajuda! O que vai ser de mim agora?’].
Jesus olha com a doçura do amor que só Deus tem, mas sem perder a autoridade e diz: ‘Você não precisa mais planejar uma fuga durante a noite, Eu já fiz tudo por você. Toma aqui, esta é a sua carta de alforria, está assinada. E lê um trechinho: “... Eu, sendo o seu Senhor, te dou a liberdade de ir embora e se perder por esse mundo, ou pode ficar e me servir...” Um trecho em seguida diz: “... porém, saiba que por esses caminhos, o destino é ser um andarilho, caçado e a qualquer momento capturado pelos outros senhores que existem por essas bandas,...”. Pelo menos por enquanto, ainda existem senhores perversos nessa terra. E ainda vou te alertar que existe coisa muito pior no destino final de quem se perde nesse mundo – um lugar que se chama inferno (até um escravo já ouviu falar desse lugar). Mas você, se quiser, pode ir, esta é a carta. [Um sorriso é esboçado no escravo liberto, imaginando... posso fazer o que eu quiser da minha vida a partir de hoje].
O Senhor lhe olha de novo, e diz, agora calmamente: “Eu quero que você só saiba de uma coisa antes de ir” – e então Ele mostra nas mãos – “que essas marcas são porque Eu não fugi da cruz, por amar os escravos do mundo, e você não precisa fugir de Mim”. O escravo, então, no meu caso pessoal, declara: “Mas para onde irei? Só Tu tens estas palavras de vida eterna...”. O Dono sorri: “Vem, e me segue!”.
Deus em sua presciência sabe exatamente quantos e quais serão salvos, dentre tantos escravos. A predestinação deste modo está correta, pois aos que de antemão conheceu, Ele já os predestinou. E o livre-arbítrio também existe e foi dado a cada um dos escravos que foram libertos, como aquela carta, mas a maioria não sabe o que fazer com ele – afinal, sempre foram escravos, muitos nunca puderam escolher nada antes, dominados por feitores com fortes braços de carne, e pelos ditos ‘senhores desse século’.
E, então, o grande e ignorante bando corre para o meio das matas (onde serão despedaçados por uma fera, ou certamente morrerão de fome, explorados como escravos de tudo o que não presta). Alguns, por entenderem o que eram e o que lhes é oferecido, depois daquela conversa com o legítimo Redentor, ficam para sempre servindo na casa de seu novo e único Senhor, Jesus, o Cristo, a quem não conheciam, mas de quem já eram bem conhecidos, quando lhes olhava desde o Céu. E nós, escravos-libertos-servos de Cristo, ou simplesmente cristãos, temos uma missão: Anunciar a grande libertação que há no Evangelho da graça, e isto a todos os escravos. O preço foi pago de uma vez, por todos, na cruz.
O Senhor sabe quais serão para sempre Dele, destinados à vida e quais escolherão a mata e a morte. A nós, entretanto, esse conhecimento não é dado. Portanto, conservos: ‘Ide e pregai a história de Jesus, a toda criatura!’ Pois Ele mesmo declara: “Bem-aventurados os que levam a paz! Não serão chamados apenas de servos, mas de filhos de Deus”...
Somos livres, por aceitarmos a Sua escolha de nos amar.
Que a Paz seja convosco!
Pr. Bruno Paiva
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